Santa Beatriz da Silva e o Imaculado Coração de Maria - Parte I




(Continuação do artigo anterior:
https://caminhosantos.blogspot.com/2019/03/a-imaculada-conceicao-nos-primeiros.html )

Beatriz nasceu em Campo Maior, Portugal, por volta do ano 1436-1437, filha de Dom Rui Gomes da Silva, alcaide mor da cidade, e Dona Isabel de Meneses. Era a segunda dentre os onze filhos, em uma família profundamente cristã e tendo como mestres, os Religiosos Franciscanos que, ao par de sólida piedade, incutiram-lhe um terno amor à Maria Santíssima, no mistério da sua Imaculada Conceição.

Entre outros, foram seus irmãos João de Meneses, que viria a ser o Beato Amadeu Hispano, secretário pessoal e confessor do Papa Sisto IV, e dos Duques de Milão, escritor místico e reformador da Ordem de São Francisco na Península Itálica; e Dona Maria de Meneses, donzela da Rainha Dona Isabel, mulher de Dom Afonso V de Portugal, que casou com Gil de Magalhães, 2.º Senhor de Ponte da Barca, ascendentes do Provedor da Real Irmandade de Santa Beatriz da Silva, Alfredo Côrte-Real.

Para além da sua origem nobre, a jovem Beatriz tinha uma beleza exterior que a evidenciava perante as outras jovens do seu tempo.

Conta-se que o seu rosto, por ser tão belo, foi usado para ser modelo da pintura da imagem da Virgem Maria. Porém, a jovem Beatriz só acedeu, por pedido de seu pai, mas fechou os olhos por não se achar digna de ser usada para modelo da Virgem Maria a quem tanto amava.


O original deste quadro atualmente está na Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior e uma cópia venera-se na Igreja do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior.

Todos os seus Biógrafos narram sua grande piedade e virtude desde sua infância, e os testemunhos para o Processo de sua Canonização declaram que desde menina foi devotíssima do mistério da Imaculada Conceição.

Por sua família ser ligada à nobreza, Beatriz foi para Castela, como donzela da Senhora Dona Isabel, filha mais velha da Infanta Dona Isabel, que ia casar-se com Dom João II daquele reino.

Na corte castelhana, aos poucos anos foi considerada a dama mais formosa e gentil, recebendo muitos pedidos de casamento de duques e de condes.

Porém,  por ciúmes da sua beleza, a Rainha Dona Isabel, sua senhora, a encerrou num cofre, para que aí morresse, sozinha. Este encerramento, que ocorreu no Paço Real de Tordesilhas, ter-se-á devido a uns ciúmes da Rainha, alimentados por intrigas palacianas, acerca de um suposto interesse de Dom João II, seu marido, por Dona Beatriz, embora seja possível, na verdade, que este acontecimento tivesse ocorrido por causa de uma doença psiquiátrica da Rainha, uma enfermidade que a acompanharia até à morte, daí a muitos anos.

Foi nesse cofre ou baú que a jovem Beatriz teve a visão de Nossa Senhora, vestida de hábito branco com escapulário da mesma cor, com um manto azul. A Virgem Santíssima disse-lhe que ela sairia dali viva e que devia fundar uma ordem destinada  a defender e honrar o Mistério da Imaculada Conceição.

Quando a rainha disse onde estava Beatriz e julgando que após 3 dias já estaria morta, foi surpresa e milagre que Dona Beatriz da Silva, ainda estivesse viva, pedindo para sair imediatamente da corte, tendo a rainha consentido.

E assim, a jovem Beatriz deixa o mundo da nobreza e vai para Toledo, onde se recolheu no Mosteiro de São Domingos, o Real, de monjas dominicanas, com o apoio de Dom João da Silva, 1.º Conde de Cifuentes, seu parente, que morava na cidade com a sua família, como muitos outros portugueses, que ali se tinham exilados na Crise de 1385-1386. 

Ali, fica cerca de 30 anos, e longe do mundo, funda a Ordem dedicada à Imaculada Conceição de Maria. 

Mas antes que tal Ordem se concretizasse, Beatriz enquanto aguardava a aprovação papal para a sua ordem, foi sinal de obediência, silêncio e virtude que mais em pormenor irei falar no próximo artigo.


A história sobre Santa Beatriz foi consultada em

Fotos de pinturas originais de Gráccio Caetano