(Continuação do artigo anterior:
Desde os primeiros séculos do cristianismo, a santidade de Maria era como que um bálsamo de coragem nos tempos mais difíceis da perseguição de que eram alvo os cristãos.
Assim escreveu Santo Irineu, que nasceu na Ásia Menor e foi discípulo de São Policarpo, que por sua vez conviveu diretamente com o Apóstolo São João, o Evangelista: “Assim como aquela Eva, desobediente, tendo
Adão por varão, porém permanecendo ainda virgem, foi a causa da morte, assim
também Maria, tendo já um varão predestinado e, no entanto, virgem obediente,
foi causa de salvação para si e para todo o gênero humano (…) Desta forma, o nó
da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria. O que a virgem
Eva amarrou por sua incredulidade, foi desamarrado pela fé da Virgem Maria”.
Com efeito, assim como um nó não é desamarrado enquanto não se passam os cabos
pelo mesmo lugar, mas de modo inverso, assim também a Redenção operou de forma
idêntica, mas de modo inverso ao da queda.” (Santo Irineu – século II)
No século III
d.C., Hipólito de Roma chama Maria de “madeira incorruptível” a “Virgem” e o
“Espírito Santo”, enquanto que Orígenes é o primeiro a chamar-lhe de “Toda
Santa” (panagía).
No século IV d.C.,
Metódio de Olímpia fala de Maria como “cheia de graça”, “imaculada”. S. Efrém é
ainda mais incisivo: “…em ti, Senhor, não há mancha nem há em tua mãe mancha
alguma” (Carmina nisibena 27,8). S. Gregório Nazianzeno começa a refletir sobre
a necessidade de uma purificação com antecedência (prokatharazeisa) em Maria
por obra do Espírito, em virtude de sua missão (Or. 38,12; cf. também S.
Hilário de Poitiers; S. Cirilo de Jerusalém; S. Ambrósio).
No Século V d.C,
autores cristãos começam claramente a falar da ausência de todo contágio de
pecado/mal em Maria (Prudêncio; “Teodoreto de Ancira”; Proclo; Hesíquo de
Jerusalém; S. Máximo de Turim). O hinoAkathisto, talvez desta época, exclama:
“Ó Imaculada”; “Ave coluna de sacra pureza”.
E com o passar
dos anos, os cristãos vão adotando cada vez mais esta consciência da Imaculada
Conceição de Maria.
Para ver mais em
detalhe todo este caminho, deixo aqui o link do site da Academia Marial de
Aparecida, sediada no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida (SP):
www.a12.com/academia/catequese/breve-historia-do-dogma-da-imaculada-conceicao
www.a12.com/academia/catequese/breve-historia-do-dogma-da-imaculada-conceicao
Uma das ordens religiosas
que mais defendia a Imaculada Conceição de Maria foram os franciscanos. Assim São
Francisco saudava a Virgem Maria:
rmasterciariasfranciscanas.blogspot.com/2013/05/maria-no-olhar-de-sao-francisco.html
w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html
Convido-lhe a ver esta parte do filme "Duns Scotus" (2011) onde se acompanha a defesa da Imaculada Conceição de Maria:
SAUDAÇÃO À VIRGEM
MARIA
(SÃO FRANCISCO DE ASSIS)
Salve, ó Senhora
Santa, Rainha Santíssima,
Mãe de Deus, ó
Maria, que sois Virgem feita igreja,
eleita pelo
Santíssimo Pai celestial,
que vós consagrou
por seu Santíssimo e
dileto Filho e o
Espírito Santo Paráclito.
Em vós residiu e
reside toda plenitude da graça e todo o bem.
Salve, ó palácio
do Senhor!
Salve, ó
tabernáculo do Senhor!
Salve, ó morada
do Senhor!
Salve, ó manto do
Senhor!
Salve, ó serva do
Senhor!
Salve, ó mãe do
Senhor!
E salve vós
todas, ó santas virtudes derramadas,
pela graça e
iluminação do Espírito Santo,
nos corações dos
fiéis, transformando-os de infiéis
em fiéis servos
de Deus!
Duns Escoto, atraído
pelo carisma de São Francisco de Assis, entrou na Família dos Frades Menores, e
em 1291 foi ordenado sacerdote. “Na época de Duns Escoto a maior parte dos
teólogos fazia uma objecção, que parecia insuperável, à doutrina segundo a qual
Maria Santíssima foi preservada do pecado original desde o primeiro momento da
sua concepção: de facto, a universalidade da Redenção realizada por Cristo, à
primeira vista, podia parecer comprometida por semelhante afirmação, como se
Maria não tivesse precisado de Cristo e da sua redenção. Por isso os teólogos
opunham-se a estes textos. Então, Duns Escoto, para fazer compreender esta
preservação do pecado original, desenvolveu o argumento é o da "Redenção
preventiva", segundo a qual a Imaculada Conceição representa a obra-prima
da Redenção realizada por Cristo, porque precisamente o poder do seu amor e da
sua mediação obteve que a Mãe fosse preservada do pecado original. Por conseguinte
Maria é totalmente remida por Cristo, mas já antes da concepção. Os
Franciscanos, seus irmãos de hábito, aceitaram e difundiram com entusiasmo esta
doutrina, e outros teólogos – muitas vezes com juramento solene –
comprometeram-se a difundi-la e a aperfeiçoá-la.” (PAPA BENTO XVI - AUDIÊNCIA
GERAL de 7 de Julho de 2010)
E o passar dos
anos só demonstrou que os cristãos adotavam e acreditavam na Imaculada Conceição
de Maria, muito antes dele ser propagado como dogma pela Igreja Católica.
Então, eis que
numa família portuguesa “…educada num profundo espírito e virtudes cristãs”, e
com grande amor à Imaculada Conceição de Maria, nasce Beatriz da Silva e Menezes pelo ano de 1437 em Campo Maior no Alentejo.
(Continua no próximo artigo)
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Fotos de pinturas originais de Gráccio Caetano
gracciocaetano.blogspot.ptConvido-lhe a ver esta parte do filme "Duns Scotus" (2011) onde se acompanha a defesa da Imaculada Conceição de Maria: