Madre Mariana de Jesus Torres Parte I




Madre Mariana de Jesus Torres nasceu na Província de Viscaya, Espanha, em 1563. 

Era filha do Sr.Diego Cediz e da Da. Maria Berriuchaoa Alvaro. Seu nome de batismo era Mariana Francisca.

Ainda criança preferia estar diante de Jesus Sacramentado do que brincar com as outras crianças.

Aos sete anos de idade, a Igreja que ficava perto da sua casa, incendiou-se. Este incêndio acabou por danificar também a casa onde morava com seus pais e mais dois irmãos. Apesar destas perdas materiais, o que mais entristecia Mariana era não poder visitar a Jesus Sacramentado.

Por razões de família, os pais de Mariana resolveram mudar-se com os seus três filhos para Santiago de Galícia, permitindo que nesta nova cidade ela voltasse a visitar ao
Santíssimo Sacramento.


Várias vezes, ia prostrar-se diante de Jesus Sacramentado, inflamando-se o seu coração de grande amor, desejosa por unir-se a Jesus na Santa Comunhão.

Sua mãe não queria que Mariana fizesse a Primeira Comunhão antes da idade que na altura se usava para as crianças fazerem a primeira Comunhão que era entre os doze e os catorze anos.

Porém, o confessor de Mariana ao ver a sua vontade de a fazer, deu-lhe a instrução necessária para estar preparada, realizando a sua Primeira Comunhão no dia 8 de dezembro de 1572.

Foi tão grande o êxtase ao receber a Sagrada Comunhão que Maria nesse mesmo dia fez o voto de virgindade, tendo a visão de Maria Santíssima que lhe pediu para ser religiosa
na Ordem da Imaculada Conceição onde daria muita glória a Deus.


A partir dessa altura, Mariana procurou viver em sua própria casa como já vivesse em um mosteiro, procurando nas suas atividades diárias viver em constante oração e contemplação, mortificação interior e exterior, vivendo as virtudes religiosas no serviço a seus pais e irmãozinhos.

Quando a sua mãe soube que já podia comungar, deixou-a comungar mais frequentemente, pois os pais de Mariana eram muito devotos, dando graças a Deus por sua filha aspirar às celestiais virtudes.

Em 1556, em Quito no Equador, as principais famílias e demais habitantes da cidade pediram ao Rei de Espanha, que se fundasse o primeiro Mosteiro da Imaculada Conceição.

Uma das fundadoras deste convento foi a Revda, Madre Dona Maria de Jesus Talvada, tia de Mariana. Esta sabendo desta fundação pediu aos seus pais para ir também para Quito.

Seus pais queriam que Mariana fosse religiosa carmelita na Espanha. Porém, Mariana respondia: “Sou chamada para a Ordem da Imaculada Conceição”. E acrescentava: “Eu quero
atravessar os mares e em terras longínquas, longe da carne e do sangue, só consagrar-me ao meu Jesus”.

Tendo deixado seus pais e irmãos, Mariana começou a sua viagem do seu país Espanha, em companhia de sua tia Revda, Madre Dona Maria de Jesus Talvada, e mais quatro
virgens, em reverência às cinco chagas do Seráfico Pai São Francisco para fundar a Ordem da Imaculada Conceição em Quito.

Ao embarcarem, sobreveio no mar, uma terrível tempestade e o navio estava prestes a naufragar.

De seguida, Madre Maria e a menina Mariana viram no mar uma serpente monstruosa de sete cabeças, que movimentando as ondas queria destroçar o navio. Com esta visão, Mariana deu um grito e caiu como morta. A Madre Maria, assustada, temendo a morte da sobrinha, dirigiu a Deus esta humilde oração:

“Tu sabes, meu Deus, que não vou por minha vontade fazer esta fundação, mas é a obediência ao Rei, meu Senhor, que a isto me leva. Se é Tua vontade que nesta Colônia se funde
a Ordem da Imaculada Conceição, faz desaparecer esta tempestade, esta escuridão, e que se acalme a tormenta”.


Mal terminada esta oração, Mariana abriu os olhos e no mesmo instante se fez dia e ouviam uma voz terrível que dizia: “Não permitirei a fundação; não permitirei que progrida; não permitirei que se conserve até o fim dos tempos e a todo o momento a perseguirei”.

Esta foi a voz da serpente no momento em que acalmou a tempestade.

Mariana, após estar sozinha com a sua tia, disse-lhe que enquanto tinha desmaiado teve também um êxtase.

Apesar de ter estado inanimada, Mariana em êxtase viu “uma serpente maior que o mar e uma senhora de incomparável formosura, vestida de sol, coroada de estrelas, com um Menino precioso nos braços. No peito da Senhora havia um ostensório com o Santíssimo Sacramento; em uma das mãos uma grande cruz de ouro que terminava em lança. Com esta lança Ela sujeitou a enorme serpente, que possuía na língua também uma lança de dois gumes. A Senhora apoiando a Cruz no Santíssimo Sacramento e na mão do Menino, golpeou com tanta força a cabeça da serpente que a estraçalhou: nesse momento ela deu esses alaridos que não permitiria a fundação da Ordem da Imaculada Conceição”

Madre Maria compreendeu o que isto significava, e em tempo oportuno fez executar, segundo esta admirável visão, a Imagem da Santíssima Virgem que as concepcionistas trazem no peito.

Mariana comunicou ainda à sua tia as inumeráveis dificuldades e sofrimentos que padeceriam pelo caminho, e que uma vez fundado o Mosteiro, na cidade de Quito, a Comunidade seria vítima, pelo ódio da serpente, de perseguições e imensas tribulações ao longo dos séculos, isso Deus permitiu para a glória de sua Santíssima Mãe.


No êxtase, também foi dado a conhecer a Mariana de muitas coisas que se passariam na Comunidade: religiosas santas que floresceriam neste Mosteiro e as almas ingratas que incorrespondendo à graça da vocação seriam infiéis.

Madre Maria, assustada e aflita ao ouvir esta narração, disse à sobrinha: “Minha filha, se tanto se há de padecer na fundação e tão combatida será a Comunidade das Concepcionistas, não façamos, nem continuemos a viagem: voltemos a Espanha”.


Porém, Mariana disse à sua tia: “É verdade que sofreremos muito e que haverá almas ingratas, mas também haverá religiosas santas que com a sua vida interior, sofrimentos e humilhações darão glória a Deus e à sua Mãe Imaculada, conservando, assim, o Mosteiro em todos os tempos”. … “e chegará um dia em que a Rainha dos Céus comunicar-se-á comigo”.

Madre Maria, convencida pelas razões expostas pela sobrinha, resolveu prosseguir viagem para efetivar em Quito a fundação, aceitando todos os sacrifícios que daí adviriam, por amor ao seu Divino Jesus e à sua Mãe Imaculada.


Com o “fiat” de Madre Maria para a fundação do Mosteiro, os anjos levaram-no contentes ao Trono da augusta Majestade, enquanto os demónios enfurecidos não impediram a fundação e o grande bem que esta derramaria nas almas, apesar da guerra cruenta que fizeram ainda em viagem para Quito.

Os anjos coroariam estas duas triunfadoras e os coros celestes cantariam um hino de amor à Maria Imaculada; ao mesmo tempo os protetores das futuras religiosas, que ao longo dos séculos deveriam santificar, preparariam neste momento coroas de flores imortais para cingir as frontes das ilustres e heroicas virgens concepcionistas.

Mariana tinha apenas nove anos, quando foi para Quito com a sua tia e Madre Maria. Apesar de ainda ser uma criança, Nosso Senhor concedeu a Mariana o dom da Profecia, adornada com o sublime grau da oração da quietude. Alguns anos depois,  será no convento em Quito que Nossa Senhora de Bom Sucesso irá lhe revelar os acontecimentos futuros, especialmente relacionados com o século XX.

Madre Mariana de Jesus foi o escudo de fortaleza no combate que sustentou Madre Maria, honra e glória da Ordem de Imaculada Conceição e firmíssima coluna que conserva o Mosteiro, sendo de se notar que a Ordem foi perseguida pela serpente infernal deste o berço de sua fundação.

O demónio fez naufragar no mar as Bulas da Fundação para que elas não chegassem a Toledo, mas elas foram salvas por mão de anjos e entregues à Santa Madre Beatriz da Silva,Mãe e Fundadora de toda a Ordem Concepcionista.

Findas as dificuldades no mar, chegaram à terra, mas as dificuldades continuaram, tanto durante a viagem até Quito quanto no início da fundação do mosteiro.


(Continua no próximo vídeo: “Madre Mariana de Jesus Torres – Parte II”)

Bibliografia:
A história da Madre Mariana de Jesus Torres foi consultada no livro “Vida admirável da Reverendíssima Madre Mariana de Jesus Torres – Mística confidente de Nossa Senhora do Bom Sucesso”
Este livro foi escrito pelo Rvdo. Padre Manuel Sousa Pereira da Ordem Seráfica dos Menores do Convento Máximo de São Francisco de Assis de Quito, Equador.
Versão on line disponível em

Mais pormenores históricos e teológicos acerca da Madre Mariana de Jesus Torres foram consultados

“Madre Mariana de Jesus Torres”
Técnica mista sobre papel
Pintura original de Gráccio Caetano