História de Santa Beatriz da Silva - Parte II



Neste vídeo partilho a segunda parte da história de Santa Beatriz da Silva que faz parte dos vários artigos que tenho dedicado neste blogue à história da Imaculada Conceição.


Em Toledo, Beatriz viveu por trinta anos, no Convento Dominicano de São Domingos chamado O Real, ou O Antigo.

Neste convento, Beatriz viveu voluntariamente em completo encerramento, dedicando totalmente a sua vida a Deus.
Para dedicar também a sua beleza a Deus, cobriu o seu rosto com um véu branco que só era levantado em raras ocasiões.

Durante este tempo, aguardou com paciência e obediência, para que fosse aprovada uma ordem religiosa completamente dedicada à Imaculada Conceicão, conforme Nossa Senhora lhe tinha pedido.


Em 1484, com o apoio da soberana Dona Isabel, a Católica, Beatriz saiu do mosteiro para uma parte dos Palácios de Galiana, com doze donzelas, na sua maioria portuguesas, que desejavam também fundar um Mosteiro dedicado à Imaculada Conceição de Maria.


Após elevarem juntas uma súplica ao Pontífice, a 29 de Abril de 1489, por bula do Papa Inocêncio VIII, a nova ordem foi reconhecida como Inter universa, executada em Toledo, na presença de Dona Beatriz e das suas discípulas, nos Palácios.

Porém, a fundação do mosteiro concluiu-se apenas poucos momentos antes da morte da própria Dona Beatriz, que foi a primeira a professar e a receber o hábito da Conceição, já em agonia, a 9 de Agosto de 1491.


Beatriz, para receber então a Santa Unção, levantaram-lhe do rosto o véu branco. Viu-se que a sua face resplandecia “como a luz quando mais luz”, Na fronte de Beatriz surgiu uma estrela de ouro muito brilhante, que se extinguiu quando morreu.

Esta estrela irá se tornar o seu maior símbolo, estando em praticamente todas as suas imagens, desde o século XVI aos nossos dias.

Santa Beatriz foi beatificada apenas em 1926 e canonizada em 1976, pelo já também Santo Papa Paulo VI.


As monjas da  Ordem da Imaculada Conceição são habitualmente chamadas por Concepcionistas franciscanas, ou apenas Concepcionistas, ou Conceicionistas, honrando, assim, a invocação de Nossa Senhora da Conceição como Rainha de Portugal, coroada por Dom João IV. A Ordem da Imaculada Conceição é uma das maiores Ordens Religiosas femininas de vida contemplativa, da Igreja.


A vocação concepcionista é dedicar a vida a Deus, em íntima união com Maria, contemplando a sua Conceição Imaculada.

A Ordem da Imaculada Conceição é totalmente contemplativa.

As Concepcionistas buscam o princípio e o fim de todas as coisas na oração, pois só na oração incessante (1Ts 5,7) podem conhecer a Deus como a seu único Esposo.


Talvez a clausura pareça um tipo de "separatio", de separação. Na realidade, porém, é uma communio mais profunda com o mundo.

Porém, na clasura, as Irmãs Concepcionistas oferecem um sacrifício de louvor, com Cristo, um sacrifício de louvor oferecido ao Pai em nome da humanidade.


Santa Beatriz, dócil aos apelos do Espírito Santo,

pôs-se à disposição de Cristo e de Maria num ato de obediência, fielmente mantido por toda a sua vida. Desta fidelidade de Beatriz,
nasceu a Ordem da Imaculada Conceição”.

(Constituições Gerais, Art. 32)


A história sobre Santa Beatriz  foi consultada em



Pintura de Santa Beatriz da Silva

Técnica mista sobre papel
Original de Gráccio Caetano




História de Santa Beatriz da Silva - Parte I



Neste primeiro vídeo começo a contar a história de Santa Beatriz da Silva.

Beatriz nasceu em Campo Maior, Portugal, por volta do ano 1436-1437, filha de Dom Rui Gomes da Silva, alcaide mor da cidade, e Dona Isabel de Meneses. Era a segunda dentre os onze filhos, em uma família profundamente cristã e tendo como mestres, os Religiosos Franciscanos que, ao par de sólida piedade, incutiram-lhe um terno amor à Maria Santíssima, no mistério da sua Imaculada Conceição.
Entre outros, foram seus irmãos João de Meneses, que viria a ser o Beato Amadeu Hispano, secretário pessoal e confessor do Papa Sisto IV, e dos Duques de Milão, escritor místico e reformador da Ordem de São Francisco na Península Itálica; e Dona Maria de Meneses, donzela da Rainha Dona Isabel, mulher de Dom Afonso V de Portugal, que casou com Gil de Magalhães, 2.º Senhor de Ponte da Barca, ascendentes do Provedor da Real Irmandade de Santa Beatriz da Silva, Alfredo Côrte-Real.
Para além da sua origem nobre, a jovem Beatriz tinha uma beleza exterior que a evidenciava perante as outras jovens do seu tempo.

Conta-se que o seu rosto, por ser tão belo, foi usado para ser modelo da pintura da imagem da Virgem Maria. Porém, a jovem Beatriz só acedeu por pedido de seu pai, mas fechou os olhos por não se achar digna de ser usada para modelo da Virgem Maria a quem tanto amava.

 
O original deste quadro atualmente está na Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior e uma cópia venera-se na Igreja do Mosteiro da Imaculada Conceição de Campo Maior.

Todos os seus Biógrafos narram sua grande piedade e virtude desde sua infância, e os testemunhos para o Processo de sua Canonização declaram que desde menina foi devotíssima do mistério da Imaculada Conceição.

Na Primavera de 1447, Beatriz foi para Castela, como donzela da Senhora Dona Isabel, filha mais velha da Infanta Dona Isabel, que ia casar-se com Dom João II daquele reino.
Beatriz era bela e pudorosa. Esforçava-se por manter sua conduta irrepreensível em meio a tantas frivolidades, ciúmes e vaidades. Porém apesar de tudo, certos palacianos maliciosos e maldosos a caluniaram de ter secretos encontros amorosos com o Rei.

A isto não resistiu os ciúmes da Rainha Isabel, quando ouviu os rumores da calúnia, começou a duvidar da fidelidade de seu marido o Rei e viu em Beatriz uma possível rival. Queria então fazê-la desaparecer. Começou a arquitetar uma maneira de fazê-la desaparecer. 

O ciúme é sempre engenhoso… Certa noite a Rainha convidou Beatriz para que a seguisse e simulando querer contar-lhe um segredo, a levou por um solitário caminho do palácio até chegar num lugar que tinha preparado de antemão. Ao passar junto dele, a Rainha lhe deu um forte empurrão fazendo-a cair dentro do grande baú, e cerrando-o rapidamente com chave, abandonou-a na escuridão.


Beatriz gritou, suplicou … Era inocente nunca dera ouvidos aos galanteios, nem salientara ambição alguma. Mas o ciúme da Rainha já se transformara em ódio e o ódio é cego.


Beatriz estava sepultada viva, as trevas a cercavam e faltava-lhe todo o auxilio humano. Condenada a morrer asfixiada dentro de um baú! Era jovem e inocente. O desespero rondava-lhe a alma.

Da Terra nada podia esperar. Voltou-se então para o Céu. Entregou-se nas mãos de Deus e se encomendou à Ssma. Virgem com grande devoção. A vida parecia fugir, quando se viu envolta em vivíssima luz. E nesta luz divisou a Virgem Santíssima, resplandecente como os raios do sol, vestida com hábito branco e manto azul celeste, em seus braços um formoso Menino, ferindo com uma lança a cabeça de um horrendo dragão. Depois de confortá-la com carinho maternal lhe disse que dali sairia e que fundaria uma ordem consagrada à Imaculada Conceição.


Beatriz agradecida, se entregou como serva e escrava, e consagrando sua virgindade se ofereceu em corpo e alma ao serviço de sua Celestial Senhora a Mãe de Deus. A Virgem Santíssima, depois de prometer-lhe que sairia daquele baú com vida, desapareceu, deixando Beatriz numa felicidade indescritível.


Passados porém, três dias, o Tio de Beatriz exigiu explicações da Rainha. Esta levou-a ao lugar onde estava encerrada Beatriz. Levava a certeza de encontrá-la morta, já cadáver, pois ninguém resistiria a tal suplício por muito tempo. Teriam terminado, assim, as rivalidades. Mas terrível surpresa a aguardava. Ao abrir o baú , em lugar de um cadáver hirto e lívido, sem vida, surgiu Beatriz, risonha … formosa … cheia de vida … quase resplandecente. Parecia mais bela, com um sorriso celeste a emoldurar-lhe o doce semblante.


Dois sentimentos chocaram-se no coração da Rainha: a raiva e o pavor. Entre atônita e apavorada, desfaz-se em lágrimas e cai aos pés da donzela com rogos de perdão. Um abraço foi a resposta de Beatriz.


A Rainha que arquitetara o desaparecimento da sua rival, sentiu-se humilhada ao presenciar que o seu ato apenas servira para aumentar o prestigio da sua vítima. E passados os primeiros momentos de emoção, Isabel sentiu a inveja acordar em seu coração. Ordenou a Beatriz que abandonasse a Côrte.

Para Beatriz, uma alegria, não sentia outro desejo. Três dias depois acompanhada pelo seu Tio, abandonou a Côrte e dirigiu seus passos a Toledo.
O encerramento de Beatriz ocorreu no Paço Real de Tordesilhas, e é possível que este acontecimento tivesse ocorrido por causa de uma doença psiquiátrica da Rainha, uma enfermidade que a acompanharia até à morte, daí a muitos anos.

Dona Beatriz da Silva, com a permissão da Rainha, decidiu sair imediatamente da corte e empreendeu viagem para Toledo, para se recolher no Mosteiro de São Domingos.
Durante esta viagem encontrou dois monges franciscanos que lhe falaram da Imaculada Conceição. 

Estes dois monges franciscanos, por discernimento, foram considerados como São Francisco de Assis e Santo António.

Na altura, ainda não tinha sido proclamado o dogma da Imaculada Conceição. Porém, entre os frades franciscanos, sempre tiveram a certeza deste dogma, por seu grande amor por Nossa Senhora.

No próximo vídeo continuarei a contar a história de Santa Beatriz, pois após se libertar do mundo, entrega-se a Deus inteiramente, mas mais pormenores, irei falar no próximo artigo.

A história sobre Santa Beatriz foi consultada em
  
Pintura de Santa Beatriz da Silva
Técnica mista sobre papel
Original de Gráccio Caetano

Montagem de Vídeo:
Rosária Grácio